O mito do jornalismo objetivo não impede a existência dos jogos de poder em cada redação. Sem um sólido alicerce o profissional poderia, facilmente, cair em vícios que não seriam benéficos para ele nem para a sociedade.
Finalmente comecei a assistir à série House of Cards, produzida pela Netflix. Devo admitir que me surpreendeu. Tinha ouvido muitos comentários sobre as intrigas políticas – muito bem construídas, por sinal – mas o que realmente me chamou a atenção foi o jogo de poder com o jornalismo, subtrama que funciona como pano de fundo na série.
As ferramentas básicas para o funcionamento do bom jornalismo são as suas fontes. O que acontece quando há uma maior aproximação entre essa fonte e o jornalista? O que acontece quando a fonte é alguém diretamente ligada ao poder? Toda fonte tem o seu próprio interesse, não nos esqueçamos disso.
Nessa trama nós vemos alguns questionamentos sendo respondidos.
O SERIADO
House of Cards conta a história de Frank Underwood (Kevin Spacey), um político sociopata capaz de qualquer coisa para chegar ao topo do poder. O seriado é uma adaptação do romance homônimo escrito por Michael Dobbs e da minissérie britânica criada por Andrew Davies.
Mas, voltando ao que eu dizia, além da trama política, que é o mote principal da série, existe o jogo de interesse na relação fonte/jornalista.
Zoe Barnes (Kate Mara), é uma jovem repórter do jornal The Washington Herald. Ela busca uma grande história que a faça crescer na carreira, ser respeitada pelos colegas e pelo seu editor. Por conta disso, faz um acordo com Underwood para informações sobre o executivo e legislativo.
O ERRO DE ZOE
O que a jornalista parece esquecer é que, toda fonte tem o seu próprio interesse. Ou, como diria o Lord Northcliffe, “Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”. Zoe pagará caro por esse erro.
Ao longo da trama, vários outros personagens – inclusive do núcleo jornalístico – vão aparecendo e ganhando maior importância.
O enredo tem alguns excessos que servem para fins dramáticos. É mais fácil canalizar todos os aspectos ruins num único personagem do que dividi-los entre os inúmeros senadores e deputados. Além de ficar mais fácil para o público, livra-se a cara do senado ao mesmo tempo em que denuncia a podridão. Não quero dizer com isso que os outros personagens, membros da política, são seres angelicais, mas, perto de Underwood, são amadores.
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