Uma curiosidade muito interessante, ainda sobre os pretendentes a escritores, é que muitos deles não gostam de escrever. Explico-me: uma das dicas que costumo dar para aqueles que me procuram pedindo sugestões é o desenvolvimento da escrita diária. O ato de escrever tem que se tornar um hábito, tem que fazer parte de você. Invariavelmente vejo a irritação no rosto das pessoas quando acabo de fazer essa sugestão.
As desculpas costumam variar. Alguns dizem que as atividades no trabalho e/ou na faculdade não permitem que se escreva diariamente, às vezes nem semanalmente; outros justificam que não conseguem escrever sem inspiração; e tem também aqueles – pasmem – que acham uma chatice ter que escrever diariamente.
Os benefícios da escrita diária são auto evidentes, ao menos para mim, mas exporei alguns pontos assim mesmo. Se você não se sente bem escrevendo diariamente é melhor não se aventurar por essa seara. Escritor, por definição, tem que gostar de escrever. O exercício diário melhora a escrita. Você pode escrever num diário, num blog, num bullet journal, ou no saco de pão. Só com o exercício diário será possível desenvolver certa musicalidade dentro dos textos. Também é importante ter um leitor beta, mas para que esse tenha o que ler é preciso escrever. A voz do escritor só aparece com a prática constante.
E tudo isso nos leva a outra questão: esses pretendentes a escritores também não leem na quantidade que deveriam. Leitura diária parece ser um castigo. É preciso estar no clima. Também é óbvio que só escreve bem quem lê muito, quem seleciona os melhores autores e vai aprendendo um pouquinho com cada um, formando sua bagagem.
Ao que parece, a maioria desses pretendentes a escritores só se importam com o suposto glamour, como se isso existisse para a maioria dos profissionais da escrita.
José Fagner Alves Santos
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