Quero ir



Sempre fui muito fá de tecnologia. Amo a facilidade trazida pelos computadores, smartphones e tablets. Gosto de carregar toda uma biblioteca num aparelho como o Kobo ou o Kindle. A praticidade dos podcasts também me agrada. No entanto, tenho sentido uma atração cada vez mais forte por tecnologias mais primitivas.


Já faz um tempo que venho estudando gastronomia. Gosto de produzir a minha massa de macarrão de modo artesanal. Gosto de criar meu próprio requeijão cremoso, minha muçarela, meus picles, minhas bebidas fermentadas e mais uma infinidade de coisas. Tenho me aproximado também dos processos de encadernação manual. Fico fascinado com aquelas prensas de madeira, o ato da costura dos cadernos, a preparação da capa dura com lombada.

Tenho sentido uma imensa vontade de voltar a morar no interior. Qualquer lugar em que eu possa ter um emprego que me permita ter uma vida digna, que me dê tempo para a família, para minhas atividades lúdicas, para sentir o tempo passar.

Aquilo que eu chamei de “tecnologias mais primitivas” possuem um apelo de épocas com melhor qualidade de vida. Realizar qualquer uma dessas atividade me dá a impressão de que estou sendo útil, que realizei algo com as minhas próprias mãos, que a minha existência possui algum sentido.

Talvez seja só o esgotamento que a proximidade dos quarenta anos causa, mas eu preciso viver num ambiente menos insalubre. Demorei muito tempo para perceber que a felicidade está em coisas simples como janela para o quintal, almoço de domingo com as pessoas que amamos, velocípede colorido no meio da casa e conhecer o nome dos vizinhos.

Ainda tenho muito a realizar por aqui, mas pretendo partir em breve. Quero ter uma casa no interior, um pequeno ateliê para realizar minhas bagunças, um quarto com estantes que serão ocupadas pelos meus livros, um espaço que me permita receber os amigos aos finais de semana.

Enquanto esse momento não chega eu vou sonhando. Boa semana para todos.

José Fagner Alves Santos

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