Um breve recado para todos os meus amigos que perdem horas diárias nas redes sociais, mas se negam a reservar trinta minutos para a leitura de um livro qualquer
A leitura pode ser uma tarefa desagradável para muitas pessoas. Curiosamente, demorei muito para entender algo tão óbvio. Aprendi a ler muito cedo, desenvolvi o gosto pela leitura muito cedo. Lia tudo que me caía à mão. Consequentemente, achava que esse era um hábito normal, comum a qualquer ser humano alfabetizado.
Mas a verdade é que ler cansa (cf. Ler cansa. Mesmo!, publicado no site da revista Superinteressante). E o esgotamento mental pode ser maior que o físico. Isso, por si só, desestimula os neófitos. Caso o assunto ainda não esteja suficientemente claro para você, façamos o seguinte exercício de imaginação: um indivíduo sedentário resolve ir à academia por insistência dos amigos ou da família. Ele é bem recebido, faz uma série de exercícios e volta para casa cansado e cheio de dores no corpo. Qual a motivação que esse mesmo indivíduo terá para retornar à academia no dia seguinte?
Para que os exercícios físicos comecem a dar resultados e passem a criar a sensação de prazer logo após a prática, é preciso que sejam recorrentes, é preciso criar o hábito, o condicionamento físico. Isso não vai acontecer com atividades esporádicas.
Com a leitura não é muito diferente. Para se tornar um leitor fluente é preciso a prática constante. Esse tipo de exercício vai aumentar sua velocidade de leitura, vai expandir seu vocabulário, vai melhorar sua escrita, vai te fazer compreender em profundidade assuntos que você nem sabia que existiam. O problema é vencer a primeira fase, aquela em que o indivíduo sente sono enquanto lê. Alguns chegam a relatar dores de cabeça.
Abordo esse tema por causa de alguns indivíduos que têm vindo reclamar da falta de tempo, dificuldade de compreensão ou da ideia de que não é produtivo sentar para ler qualquer coisa. São as mesmas pessoas que perdem horas na internet vistoriando seus respectivos perfis nas redes sociais. O problema, óbvio, não é a falta de tempo, é a falta de interesse, a falta de hábito. É preciso compreender que a leitura é um investimento a longo prazo. Você não vai se tornar fluente em leitura no primeiro exercício. Da mesma forma que você não vai se tonar fluente em qualquer língua sem a imersão diária.
Ler apenas artigos curtos, como este, não é suficiente. Limitar-se às histórias em quadrinhos, muito menos. É muito fácil falar do quanto é importante ler, difícil é pagar o preço para se tonar um leitor fluente. Trinta minutos de leitura diária já poderia ajudar. A mudança não acontecerá da noite para o dia, mas ela certamente virá.
Os analfabetos têm a desculpa de não saberem ler, mas os alfabetizados só têm a preguiça como justificativa.
José Fagner Alves Santos
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