Jonas e a cidade de Nínive

 




Jonas, filho de Amitai foi enviado para a cidade de Nínive. Jonas quis dar uma de malandro e pegou um navio para a cidade de Társis. Até hoje a gente não sabe onde fica essa cidade. Ela pode ter ficado num porto fenício na Espanha, pode ter sido um porto no Oceano Índico ou um porto na região de Cartago.


De qualquer forma, Jonas embarcou no navio e foi tirar uma soneca no porão. O navio já estava em alto mar quando Deus enviou um vento forte, que causou uma tempestade e deixou os marujos desesperados. Eles começaram a clamar pelos seus respectivos deuses e a jogar a carga no mar, na intenção de que o navio ficasse mais leve, o que não faz nenhum sentido para mim – mas eu não sou marinheiro, então é melhor eu ficar quieto.

Enquanto essa confusão acontecia, Jonas continuava tirando sua soneca sossegada no portão do navio. Até que alguém foi até lá acordá-lo. “oh, vagabundo, acorda aí e comece a orar para o teu deus. Talvez ele tenha piedade de nós”.

Naquela época não tinha serviço meteorológico, então os marinheiros resolveram lançar a sorte para descobrir o motivo daquela tempestade. O texto bíblico não descreve como era esse ritual de lançar a sorte, mas eu imagino que sentou uma galera no chão, em volta de um tapete. Pegaram uma garrafa e giraram. A garrafa parou com a ponta direcionada para Jonas.

Nem preciso dizer que os marinheiros ficaram malucos. Começaram a perguntar a Jonas o que ele fazia da vida, de onde ele estava vindo, de que povo ele era. Jonas viu que não tinha mais como esconder o jogo e resolveu falar. Contou que ele era hebreu, seguidor do Deus de Israel e que estava tentando se esconder da sua divindade. Os marinheiros resolveram perguntar: Beleza. A gente entendeu o problema. Agora, como a gente faz para o mar se acalmar?

Aí, Jonas explicou que era preciso jogá-lo ao mar. Os marinheiros pediram perdão a Deus por estarem condenando aquele homem à morte, mas jogaram Jonas por cima da amurada.

O mar se acalmou e um grande peixe engoliu Jonas. Ele ficou dentro das entranhas do peixe por três dias e três noites. Assim como Jesus ficaria três dias no túmulo. Das entranhas do grande peixe, Jonas fez suas orações pedindo perdão. Deus deu ordem para que o peixe vomitasse Jonas na praia. Deus voltou a pedir que Jonas fosse pregar em Nínive e ele finalmente aceitou o convite.

Foi até lá, fez sua pregação, disse que Nínive seria destruída em quarenta dias, e o povo se converteu. Deus então se arrependeu do mal que estava disposto a fazer com os moradores de Nínive. E Jonas não ficou feliz com essa decisão. “É por isso que eu não queria vir. Eu sabia que o senhor tem o coração mole e ia se arrepender no último momento.”

Aí, Jonas caminhou até o extremo leste da cidade e fez uma barraca. Ficou lá esperando para ver o que seria da cidade. Deus fez brotar uma aboboreira para fazer sombra por cima da barraca.

No dia seguinte, Deus mandou um bicho morder a aboboreira. O pé de abóbora secou e morreu. O sol começou a castigar a cabeça de Jonas até que ele desmaiou. Quando finalmente acordou do desmaio, começou a praguejar, dizendo que seria melhor ele morrer e não sei mais o quê.

Aí, Deus perguntou: quer dizer que você pode ter compaixão da aboboreira, que não era criação sua, que você não moveu um dedo para que ela existisse? Uma aboboreira que viveu um dia e morreu no outro. E eu não posso ter compaixão das cento e vinte mil pessoas que moram em Nínive?

Jonas é um dos livros mais curtos do Velho Testamento, tem apenas quatro capítulos. A cidade de Nínive, pano de fundo dessa história, era completamente desconhecida até meados do século dezenove.


Postar um comentário

José Fagner. Theme by STS.