Voltando ao começo


Saio de casa crendo-me atrasado. Penso em procurar um moto-taxista que me leve até a Praça do Cinquentenário a tempo de pegar o ônibus para a faculdade. Ao descer a ladeira de Marciano, no entanto, vejo o ônibus que desconfio ser do CETEP.

Dei a volta até chegar à porta do veículo. Atrapalho-me nos restos do que um dia já foi uma carroça. Pergunto ao motorista:

- Motô, esse ônibus vai até o CETEP?

- Vai.

- Pode me dar uma carona?

- Entra aí.

Subi no veículo e dei de cara com os olhares curiosos dos alunos. Que diabos seria aquele homem de meia idade, de mochila nas costas e pedindo carona?

Lá dentro estava quente, mas o desconforto foi aumentando após alguns minutos.

O motorista só deu partida às 12h e 40 min. Ia parando em cada ponto em que grupos de alunos estava à espera.

O último local de coleta dos discentes foi em frente ao Colégio Dom Bosco. Subimos pela Borges de Barros e descemos pela rua dos Correios. Alguns alunos seguiam em pé por falta de lugar para sentar.

Olhei para toda aquela juventude bonita e me dei conta de que a primeira vez que fui até o espaço do CETEP, na época em que ainda era chamado de Escola Agrotécnica Estadual Democrática Chico Mendes, nenhum daqueles alunos havia nascido. Agora eu voltava como professor universitário.


José Fagner Alves Santos

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